A interpretação incorreta da diferença entre esses dois conceitos gerou no decorrer do tempo duas mazelas ao movimento evangélico. Uma foi a desconsideração e apatia total da importância da santificação na vida cristã por não saberem fazer a distinção entre justificação e santificação e, por outro lado um legalismo farisaico na tentativa de vivê-lo a força de seu próprio braço e confundir santidade com o cumprimento de algumas regras sociais. A tradição wesleyana foi a que conseguiu apresentar de maneira bíblica e coerente a relação e a diferença entre justificação e a santificação e queremos de maneira introdutória expressar isso.
Vejamos algumas distinções entre Justificação e Santificação:
1. A Justificação refere-se à obra de Cristo efetuada "por nós"; enquanto que a Santificação é a obra de Cristo efetuada "em nós" pelo Espírito Santo.
2. A Justificação é um ato judicial (externo) que nos torna justos diante de Deus; a Santificação é uma transformação espiritual realizada em nossos corações (interno).
3. A Justificação é uma transformação relativa, pois opera uma mudança de relação do estado de condenação para um estado de favor diante de Deus; enquanto a Santificação, é uma mudança interna do pecado para a santidade.
4. A Justificação nos dá a remissão dos pecados; a Santificação limpa do coração o pecado original ou a depravação herdada.
5. A Justificação remove a culpabilidade do pecado; a Santificação destrói-lhe o poder.
6. A Justificação torna possível a adoção na família de Deus; a Santificação restaura a imagem de Deus.
7. A Justificação dá-nos o direito de entrada no céu; a Santificação torna-nos aptos para o céu.
8. A Justificação logicamente precede a Santificação que, no seu estado inicial, lhe é concomitante.
9. A Justificação é um ato completo e instantâneo e, por conseguinte, não se realiza aos poucos ou gradativamente; a Santificação é marcada por progresso, no sentido de que a santificação parcial ou inicial (regeneração) ocorre no tempo da justificação e a inteira santificação vem depois e mesmo depois dessa a santificação permanece contínua até a glorificação que é a santificação final.
ibliografia Consultada
Introdução a Teologia Cristã de Wiley e Culbertson. CNP - Casa Nazarena de Publicações.
Dos Apóstolos a Wesley de William M. Greathouse. CNP - Casa Nazarena de Publicações.
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
Conceitos Errados a Respeito da Perfeição Cristã
O conceito bíblico e wesleyano de perfeição cristã é um dos aspectos doutrinários que mais tem sido mal interpretado e negligenciado em sua prática. Uma das maneiras de nós apreendermos um conceito é desfazendo alguns mitos que existem sobre ele e dizendo o que ele não é. É isso que proponho fazer nesse primeiro texto sobre o assunto.
1. A Perfeição Cristã não significa Perfeição Absoluta. A perfeição absoluta só pertence a Deus. Todo bem e toda dádiva vem do Pai das Luzes (Tiago 1:17) e bom só existe um que é Deus (Mateus 19:17). Logo, toda é qualquer bondade ou perfeição só pode ser derivada de Deus. Sendo assim, só Deus é perfeito, mas as Suas criaturas podem também ser perfeitas em um sentido relativo. Veremos em outro artigo essa questão de maneira melhor quando conceituarmos o termo.
2. A Perfeição Cristã não significa Perfeição Angélica. Os santos anjos de Deus são seres que jamais caíram e, portanto, retêm as suas faculdades nativas, tais como receberam. Não cometem erros, como acontece ao homem no seu estado atual de debilidade e fraqueza. Têm uma perfeição impossível de ser alcançada pela humanidade.
3. A Perfeição Cristã não significa Perfeição Adâmica. O ser humano foi feito um pouco menor que os anjos (Salmos 8:5) e, sem dúvida, no seu estado original possuía uma perfeição desconhecida ao homem na sua presente condição de existência no mundo.
4. A Perfeição Cristã não significa Perfeição de Conhecimento. Não só foi pervertida a vontade do homem e alienados os seus afetos na queda, mas até o seu intelecto foi obscurecido (o que chamamos de efeitos noéticos da queda). Por isso, deste entendimento defeituoso emanam opiniões errôneas com respeito a muitos assuntos, levando, por sua vez, a falsos juízos e a inclinações erradas dos afetos.
5. A Perfeição Cristã não significa Imunidade a Tentação ou a Possibilidade de Pecar. A tentação e a susceptibilidade ao pecado são essenciais ao nosso estado de provação. O Nosso Senhor Jesus Cristo foi tentado da mesma forma em que nós somos e, todavia, não cometeu pecado.
Bibliografia Consultada
Introdução a Teologia Cristã de Wiley e Culbertson. CNP - Casa Nazarena de Publicações.
Dos Apóstolos a Wesley de William M. Greathouse. CNP - Casa Nazarena de Publicações
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